Rehabilitation of the Bolhão Market

Na reabilitação do Mercado do Bolhão o projeto é ferramenta e processo de decisão entre a transformação e continuidade.
A singularidade da sua inserção urbana, solução tipológica, qualidade espacial, sistema construtivo e identidade, bem como as memórias associadas ao lugar, tornam este equipamento num notável edifício da cidade do Porto.

A classificação de “monumento de interesse público” atribuída ao Mercado do Bolhão no Porto, reconhece valor patrimonial a duas dimensões indissociáveis – o edifício e a atividade.
A proposta de intervenção no edifício do mercado de 1914-1917, da autoria do arquitecto António Correia da Silva, assenta na recuperação e valorização do edifício e na modernização necessária às exigências da atividade de mercado de frescos central e quotidiano do Porto.
Esta ação transformadora e atenta aos valores existentes, procura devolver identidade e coerência ao edifício, abrir o mercado à cidade e atualizar a sua função – numa permanente ponderação entre património material e imaterial.

O maior desafio do projecto foi a constante ponderação entre o que seria para preservar e atualizar. Assim, as ferramentas de projeto utilizadas variam, com matizes, entre a mimesis (restauro ou repristino filológico), a analogia (reinterpretação análoga) e o contraste (nos novos elementos, necessários ao inevitável “aggiornamento”).
Foi assim necessário um extenso estudo diagnóstico (humano, arquitetónico, histórico, socioeconómico, cultural…) onde assenta a estratégia de projeto procurando a recuperação e valorização da matriz original do edifício, assim como, a atualização da sua atividade central - alterando apenas o que a renovação do mercado impõe ou obriga a ser ajustado.
A primeira concretizou-se na devolução da dignidade perdida do edifício original, através de um dedicado trabalho de reposição, conservação e restauro.
No que se refere à actualização, destacamos os aspectos mais transformadores:
- a construção da cave logística e túnel de acesso;
- a substituição da ponte em betão por um novo passadiço metálico em dois níveis – descoberto –, permitindo uma travessia pela cidade;
- a reinterpretação das novas estruturas de venda.

Não há maior critério ambiental do que a reintegração da maior quantidade de matéria existente, que é feita através das seguintes ações de preservação/recuperação:
- reintegração, preservação e tratamento da estrutura principal (alvenarias de granito, lajes nervuradas de betão, pilares de ferro fundido, asnas metálicas e estruturas de madeira da cobertura), aos revestimentos e elementos decorativos (argamassas, ferro fundido, gradeamentos, caixilharias de ferro e de madeira, azulejos, soletos de ardósia, remates em zinco…);
- reposição das montras em ferro fundido e respetivos elementos complementares (soleiras e toldos);
- reposição da cor original do edifício;
- restauro do conjunto escultórico sobre a entrada da rua Formosa;
- restauro dos painéis publicitários de azulejos decorativos;
- repristino e reposição de elementos decorativos das fachadas;
- restauro de painel publicitário pintado na argamassa de loja exterior;
- restauro da loja histórica “Casa Hortícola” incluindo painéis de azulejo decorativo e reposição no exterior das letras metálicas publicitárias;
- restauro do fontanário;
- repristino de duas "barracas de fruta" pré-existentes